O conhecimento de primeira mão é uma experiência. Saber o que é um choque significa experimentar um choque. A descrição de um choque não é e não substitui o conhecimento de primeira mão do choque. Conhecer a descrição nunca é conhecer o que é descrito. E mesmo quem possui a experiência do choque não é capaz de descrevê-lo como ele é. A experiência é indescritível.
A consciência capaz de descrever qualquer coisa não é a mesma que experimenta. Essa consciência que descreve o faz de segunda mão, coletando impressões, buscando palavras-pensamentos que produzam sentido lógico, ou gestos que também produzam sentido. A consciência descritiva narra uma história. Mas uma história bem contada, e é assim que se produz uma boa história, bem-contando, deve nos fazer querer vivê-la, experimentá-la.
Eu defendo que Julio Verne foi a lua. Digo isso porque sei da limitação de nossas experiências viáveis e da ilimitada capacidade de imaginá-las.
Será que em algum movimento da consciência, imaginação e experiência se tornam indestiguíveis? A imaginação pode se tornar tão poderosa a ponto de produzir experiência, conhecimento de primeira mão?