Refleti sobre os elementos, os personagens, suas conexões, enquanto ia para casa num ônibus lotado. O motorista freava e arrancava como se transportasse animais de abate. O ar era pegajoso. Os espaços eram preenchidos com asco. La fora uma variedade de luzes de sinais, faróis e letreiros, refletiam nas janelas, criando uma sensação de um sonho angustiante. Era como se não fosse possível ver realmente lá fora. Era óbvio que o ônibus andava, mas a sensação era de aprisionamento. Não havia brisa, tudo era velho. Como o conteúdo de um comprimido atravessando os intestinos da cidade, o conteúdo do ônibus apenas esperava a hora de fazer sinal e pular fora dali. O trânsito testa sua capacidade de exercer sua vontade, pensei. Pulei do ônibus. Respirei. Olhei o céu já anoitecendo. Então isto veio a tona. Não sei se há um início exato. Por isso não pretendo realizar uma narrativa. O que acontece aqui é como uma explosão. Como você irá ler isso, este texto tridimensional, eu não sei. Também não sei como irei escrevê-lo.