Não é o tempo todo. Mas é muito de cada tempo. Basta estar longe o suficiente dos livros, dos filmes, dos jogos, das lojas. Basta estar sentado em um ambiente escutando algo que se poderia desconstruir exaustivamente. Você poderia colocar a frase inicial em xeque com relação a várias outras frases. Poderia mostrar falácias, preconceitos e o esquecimento de premissas anteriores. Poderia mostrar o uso inconsciente de recursos miraculosos... mas e daí?
Tudo isso, toda essa maneira de falar, discursar, pensar, não te trouxe exatamente aqui, a esta consciência que compra, joga, assiste, lê, e o faz simplesmente para fugir? E que fuga mal feita! Pois estar consigo mesmo é inevitável quando se chegou ao fim das horas, meu caro!
Mas como você disse, basta um detalhe de rearrumação do ambiente, uma situação em que o espelho finalmente fique diante de sua face. Você estava ali, novamente num desses momentos, numa dessas situações, e a décima segunda hora se mostrava cristalina, bela, corajosa.
Mas você tirou os sapatos, estalou os dedos, arrumou a armação dos óculos. Posso refazer sua cena em detalhes: você olha para o lado, para o céu, pra a lâmpada, para a vela, para o teto, para o chão, para si mesmo olhando tudo isso, para mim nesse pretenso futuro (ou será passado?) te olhando enquanto escrevo! Que vontade de levantar, de correr, de gritar, de chorar, de tomar banho, de socar algo, de dormir profundamente.
Essa é a beleza dos despertadores temporais. Eu programei um destes para dias como esse, dias de cansaço, dias de derrota. Mas eu deveria ter usado a música que me vem agora, e o despertador então teria dito:
"você ainda está dormindo! Eu sei que você irá me quebrar, mais uma vez. Eu sei, porque o seu mingau ainda está quente na mamadeira! Palhaço! Verme! Anda, desta vez estou escondido e você terá trabalho para me quebrar! Se você demorar a me encontrar, eu terei, enfim, acabado com sua imortalidade! Ah! Você não sabe, em sua estupidez, se venho de seu futuro ou passado?! Isso faz diferença? Isso existe? Anda, pois estou fechando o cerco...ou melhor: corra! Corra! Corra!"
Tudo isso, toda essa maneira de falar, discursar, pensar, não te trouxe exatamente aqui, a esta consciência que compra, joga, assiste, lê, e o faz simplesmente para fugir? E que fuga mal feita! Pois estar consigo mesmo é inevitável quando se chegou ao fim das horas, meu caro!
Mas como você disse, basta um detalhe de rearrumação do ambiente, uma situação em que o espelho finalmente fique diante de sua face. Você estava ali, novamente num desses momentos, numa dessas situações, e a décima segunda hora se mostrava cristalina, bela, corajosa.
Mas você tirou os sapatos, estalou os dedos, arrumou a armação dos óculos. Posso refazer sua cena em detalhes: você olha para o lado, para o céu, pra a lâmpada, para a vela, para o teto, para o chão, para si mesmo olhando tudo isso, para mim nesse pretenso futuro (ou será passado?) te olhando enquanto escrevo! Que vontade de levantar, de correr, de gritar, de chorar, de tomar banho, de socar algo, de dormir profundamente.
Essa é a beleza dos despertadores temporais. Eu programei um destes para dias como esse, dias de cansaço, dias de derrota. Mas eu deveria ter usado a música que me vem agora, e o despertador então teria dito:
"você ainda está dormindo! Eu sei que você irá me quebrar, mais uma vez. Eu sei, porque o seu mingau ainda está quente na mamadeira! Palhaço! Verme! Anda, desta vez estou escondido e você terá trabalho para me quebrar! Se você demorar a me encontrar, eu terei, enfim, acabado com sua imortalidade! Ah! Você não sabe, em sua estupidez, se venho de seu futuro ou passado?! Isso faz diferença? Isso existe? Anda, pois estou fechando o cerco...ou melhor: corra! Corra! Corra!"